peresteca.blogspot.com

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Ferrugem

Há um vazio dentro da mente
língua torta, lábio sem dente
conhecida como oficina
de livro grosso a latrina
mente que mente
tão perfeitamente

Alexandre Mendes

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

SPECTROMAN

Pra quem era moleque, no início da década de 80. Comendo macarrão parafuso, antes de ir para a escola. 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Caim

Caim

Cão insano
Cachorro louco
matou o irmão
agora há pouco
perdeu a herança
  aniquilando Abel
por inveja e por vingança
e lá se foi seu céu

 Humanidade 
Caninidade
a maldição perpetua
é inveja...é maldade

Vamos...continuem!
assassinos de Abel
sedentário povo errante
atire a primeira pedra
aquele que se julga auto
merecedor de um céu...

                                           Nihildamus     Obilombi tratopt...Abelai Abeleu

domingo, 4 de dezembro de 2011

Semana dos Estudantes de História e Ciências Sociais

De: D.A. H.C.S. <ca.cienciassociais@hotmail.com>
Data: 4 de dezembro de 2011 22:44
Assunto: [ANECS - RJ] Semana dos Estudantes de História e Ciências Sociais
Para: ciencias-sociais-rj@googlegroups.com


Prezados solicitamos a divulgação do evento.

O Diretório Acadêmico de História e Ciências Sociais (DAHCS) convida a todos para a Semana dos Estudantes de História e Ciências Sociais (SEHCS).
O evento será realizado de 7 a 9 de dezembro de 2011 no auditório 1333 do Edifício sede da Fundação Getulio Vargas, Praia de Botafogo, 190.
Semana dos Estudantes de História e Ciências Sociais (SEHCS) conta com o apoio da Editora FGV.

Segue a tabela com a programação do evento e o cartaz de divulgação: 

7 de dezembro 
Abertura oficial - 14 horas
Conferência de Mário Grynszpan - 14 horas e 10 minutos
Intervalo - 15 horas
Conferência de Glaucia Villas Bôas - 15 horas e 15 minutos

8 de dezembro
Mesa redonda “Questões sociais do Brasil contemporâneo” - 14 horas
Intervalo - 15 horas e 50 minutos
Mesa redonda “Pensamento social” - 16 horas

9 de dezembro
Mesa redonda “Historia sociocultural – temas de pesquisa em debate”: 14 horas
Bloco 1 “Arte e Sociedade”
Bloco 2 “Idade Moderna em debate”
Intervalo - 15 horas e 50 minutos
Palestra de encerramento com Luiz Werneck Vianna - 16 horas

Local: Edifício sede da FGV, 190. Praia de Botafogo, Rio de Janeiro. Auditório 1333, 13° andar. A FGV não permite o acesso de pessoas trajando shorts, bermudas ou chinelos havaianas.
Cartaz SEHCS.bmp

-- 
 Contatos:

Em-mail Enviado por Patrícia Coutinho

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Canção para momentos difíceis

   Por: Alexandre Mendes

Guarda roupas 

    Tem horas que eu gostaria
 de me enfiar por entre as pernas
 da minha falecida mãezinha
 e voltar para o seu útero.
 Tem horas que eu acho 
 que nunca deveria ter saído de lá.
 lá-lá
 lá-iá!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Um Trem Para as Estrelas

Hoje, lembrei do grande poeta, Cazuza. A letra dessa música tem algo que sempre mexeu comigo. O povo correndo atrás da sua sobrevivência. As pessoas se engalfinhando dentro de coletivos abarrotados; as mulheres reclamando do roça-roça; os office-boys, com o walkman no volume máximo; os estudantes, com suas mochilas nas costas. Enfim...que merda!

Lembrei da correria, dos desentendimentos:  "Abre a janela! Eu puxei a cigarra! Você não tem mulher em casa, tarado! Puta que o pariu, que demora! Vou chegar atrasado! Vontade de botar fogo nesse ônibus!"
Um ônibus, dois ônibus, um trem, uma barca. Enfim...que merda!
Sempre refleti o que nos leva a aceitar tudo isso: Trabalhadores "livres", em navios negreiros, buscando as estrelas!


Cazuza /Um Trem Para as Estrelas
São sete horas da manhã
Vejo o Cristo da janela
O sol já apagou a luz
E o povo lá embaixo espera
Nas filas de pontos de ônibus
Procurando aonde ir


São todos seus cicerones
Correm pra não desistir
Dos seus salários de fome
E a esperança que eles têm
Nesse filme como extras
Todos querem se dar bem
Num trem para as estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas
Num trem para as estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas
Estranho o teu Cristo, Rio
Que olha tão longe, além
Com os braços sempre abertos
Mas sem proteger ninguém
Eu vou forrar as paredes
Do meu quarto de miséria
Com manchetes de jornal
Pra ver que não é nada sério
Eu vou dar o meu desprezo
Pra você que me ensinou
Que a tristeza é uma maneira

Da gente se salvar depois
Num trem para as estrelas
Depois dos navios negreiros

Outras correntezas
Num trem para as estrelas
Depois dos navios negreiros 
Outras correntezas...

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Brincando de amarelinha

A foto abaixo foi tirada por mim, inocentemente, durante a última viagem que fiz a Sepetiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Pensei em criar uma bela poesia em cima da imagem que flagrei, a caminho da padaria, falando das velhas brincadeiras de criança, esquecidas pelo tempo.


Somente quando cheguei em casa e abri a fotografia no computador, entendi a mensagem na encruzilhada, feita com um pedaço de gesso, por alguma criança. 
Da fotografia, então, fizeram surgir diversos pontos de reflexão sobre o atual universo infantil. Será o fim da inocência ou eu estou ficando caduco? 
O fato é que a fotografia me animou a adentrar com mais voracidade no universo infantil, utilizando o meu aprendizado pedagógico. Me ajudou, um tanto, a repensar a minha função na face da Terra.

Peço desculpas a todos os amigos e irmãos que partilham o universo online comigo, pois estou saindo de um período devastador da minha vida, o qual a depressão quase me destruiu. Ainda sou um templo em reconstrução, redescobrindo a minha utilidade e renovando as minhas forças.

"Enquanto houver sol, ainda haverá... a esperança de um mundo melhor." ( Titãs e eu) 

Alexandre Mendes

sábado, 19 de novembro de 2011

Mister M's


Quem quer o poder de voar?
Levitar sobre os homens
Tornar-se um mago 
sem nome

Quem quer impressionar?
É só fazer por merecer
e  terás  tal poder
deixando todos boquiabertos
olhando pra você

Vai, aprendiz de feiticeiro
ingresse no mundo da mágica
e se torne um herói
as crianças, com seus pais
 comendo algodão doce
irão adorar
vendo você levitar!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

vida...morte
vazio
pura sorte
é frio
ofegante
é o resto
demente e incessante

sem sentido
vazio
é a morte
rondando
círculos concêntricos
ao redor de meu ser

pura mágoa
é madrugada
universo paralelo
FAÇA-SE PRESENTE
eu menos eu
sozinho
ausente

não quero mais gritar
já não tenho mais voz
a presença do algoz
sei que vai me levar

universo paralelo
FAÇA-SE PRESENTE
e me traga um sorriso
que jamais brilhou em meu rosto

universo da verdade
devolva minha sanidade
em um mundo abstrato
por favor, lhe imploro
tenha compaixão

traga-me o descanso
meu corpo é puro ranço
e o mundo em que piso
é triste, confuso

bolas do formato do mundo
me levem para bem longe daqui...

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Araribóia, 6:50 AM



 Não existem políticos e nem governos ... o que salva o mundo são os homens e a família...
(Alex Benjamim Alvarez Maldonado)

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Poema dedicado a Alex Benjamin Alvarez Maldonado

   Descanse em paz. 

    A dor que toma conta do meu ser
    aperta no momento em que  
    meras lembranças do passado
    me fazem ver ele e você 
    sorrindo e brincando
    um beijo na testa 
    e olhares amáveis 
    os quais nem me lembro se um dia
    tive a oportunidade de sentir
    Hoje, choro pelo Pai que se foi
    um Pai que nunca foi meu
    

terça-feira, 8 de novembro de 2011

No ventilador

ANDAM DIZENDO POR AÍ QUE UM REPÓRTER MORREU POR CAUSA DE DROGA. VARIAS PESSOAS MORREM TODOS OS DIAS, POR CAUSA DE DROGA. ASSALTOS E ASSASSINATOS, POR CAUSA DE DROGA...
SERÁ QUE SÓ EU PERCEBO QUE A GENTE ESTÁ MORRENDO POR CAUSA DE TIRO?
QUANTOS PESSOAS VOCÊS CONHECEM QUE JÁ MORRERAM DE OVERDOSE? QUANTAS PESSOAS VOCÊS CONHECEM QUE JÁ MORRERAM POR CAUSA DE TIRO?
SOU A FAVOR DA PROIBIÇÃO DAS ARMAS E D...OS TIROS (INCLUSIVE OS DA POLÍCIA)
O DIA EM QUE LEGALIZAREM ESSAS MERDAS DE DROGA E SELECIONAREM O QUADRO DE FUNCIONÁRIOS PARA A VENDA (ENSINO MÉDIO), EU QUERO VER QUEM MAIS VAI MORRER DE TIRO...AÍ SIM, VAI MORRER DE DROGA, IGUAL A UM CACHACEIRO.
ALGUÉM AÍ PARA E FAZ CONTAGEM DE QUANTOS CACHACEIROS MORREM DE CIRROSE? NÃO? ENTÃO ME NOMEIEM PARA SECRETÁRIO DE SEGURANÇA E SALVAREI A VIDA DE VOCÊS...

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Republica dos Bichos

Por: Alexandre Mendes


São treze filhotes, no total. Quem quiser adotar, entre em contato.


Vocês fazem ideia de como é acordar com um mugido, embaixo da sua janela?




Ciscando pelo mato, elas não lavam uma roupa sequer...
Quem gostaria de ser uma galinha?


terça-feira, 18 de outubro de 2011

A Comuna de Paris

Por: Alexandre Mendes


 A França havia entrado em crise, logo após ser derrotada pelas tropas prussianas, em 1870.
 Tal fato contribuiu para o fortalecimento da Guarda Nacional parisiense, fundando no dia três de março de 1871, a Federação Republicana da Guarda Nacional, formada por 200 batalhões. Nomearam, então, uma comissão executiva.
 Em 17/18 de março de 1871, o governo enviou 15 mil homens para debelar a Comuna de Paris, não obtendo sucesso no ataque. As tropas confraternizaram com a população (inclusive mulheres e crianças), que apoiava a Guarda Nacional.

Militares pousam orgulhosos para a foto: A estátua de Napoleão fora derrubada.

Declaração de Princípios, em 22/23 de fevereiro de 1871: 

"Todo membro do comitê de vigilância declara pertencer ao partido socialista revolucionário. Em consequência, busca com todos o meios suprimir os privilégios da burguesia, seu fim como casta dirigente e o poder dos trabalhadores. Em uma palavra, a igualdade social. Não mais patrões, não mais proletários, não mais classes [...] O produto integral do trabalho deve pertencer aos trabalhadores [...] Impedir-se-á, em caso de necessidade com a força, a convocação de qualquer Constituinte ou outro tipo de Assembléia Nacional, antes que a base do atual quadro social seja mudada  por meio de uma liquidação revolucionária política e social. A espera desta revolução definitiva não reconhece como governo da cidade mais que a Comuna revolucionária  formada por delegados dos grupos revolucionários desta mesma cidade. Reconhece como governo do país apenas o governo formado por delegados da Comuna revolucionária do país e dos principais centros operários. Empenha-se no combate por esta ideia e a divulgará, formando onde não existe grupos socialistas revolucionários. Articulará estes grupos entre si e com a Delegação Central. Porá todos os meios que dispõe, a serviço da propaganda pela Associação Internacional dos Trabalhadores."

Medidas tomadas pela Comuna (Proclamação da Comuna ao povo trabalhador de Paris):
O combate à burocracia estatal: Todos os cargos administrativos seriam revogáveis, e remunerados, no máximo, com o salário de um operário qualificado; a abolição do exército permanente e a sua substituição pelas milícias populares; a interdição do acúmulo de cargos; a organização de conselhos operários nas fábricas abandonadas pelos patrões; a redução da jornada de trabalho para dez horas; a eleição da direção das fábricas pelos trabalhadores; a reforma do ensino.

Os parisienses foram massacrados. 

20 de maio- As tropas de Thiers invadem a Comuna, contando com 130.000 homens.. A França acabara de confraternizar com a Prússia.
22 de maio- O comitê de Salvação Pública da Comuna lança um apelo geral a batalha. A população adere a guerra. Ocorre, então, um massacre, com 4.000 communards mortos em batalhas, 20000 executados após a derrota, e 10.000 fugitivos, exilados. Calcula-se que cerca de 100.000 habitantes parisienses foram afetados pela invasão das tropas governamentais.
28 de maio- Fim da Comuna.


Obs: A Comuna de Paris provou ser possível uma participação mais efetiva do povo na política, bem como a auto-sustentabilidade de uma sociedade fechada em si, porém mais justa.

Texto de apoio e citações:
In: COGGIOLA,Oswaldo (org.). Escritos sobre a Comuna de Paris. São Paulo, Xamã, 2002

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

DESAPARECIDA



Salve, galera!

 Stefanini Freitas Monken da Conceição, 18 anos desapareceu dia 30/09 ás 6:30 no Monte Florido em Petropolis, a caminho da escola, agradecido mesmo pela força, junto segue a foto dela.
Quem tiver alguma informação do paradeiro dela, entre em contato com rafaelpereiradefreitas@gmail.com 

Obrigado!



terça-feira, 11 de outubro de 2011

Memórias de um operário XIV

Por: Alexandre Mendes



Quando completei quinze anos, minha mãe conseguiu arrumar um emprego para mim, em uma concessionária.  O cargo era de Auxiliar de Oficina.

O trabalho consistia no transporte das peças de automóveis, do estoque para os setores de oficina, lanternagem e pintura. Adélio era o vendedor interno, isto é, aquele que requisita a peça para o conserto do automóvel, em uma Ordem de Serviço. Ele era o encarregado do meu serviço. Requisitava as peças, enquanto eu as transportava. 

Aprendi com o tempo o serviço de vendedor interno, mas confesso que decorar a numeração das peças, que não param de ser inventadas, é bem difícil.

Fato curioso era o ritual de iniciação que os mecânicos, pintores e lanterneiros do estabelecimento impunham aos novatos. 

Jorjão, o chefe da lanternagem (que ficava no quarto andar) havia me pedido que buscasse no estoque (Primeiro andar), uma chave de desempenar “para-brisa”. E lá fui eu, pedir a tal chave no estoque. O estoquista riu e me deu uma caixa enorme com um cabeçote de motor, amarrado em um carrinho de duas rodas.  Sai puxando aquela peça enorme pela rampa, até o quarto andar, sem saber que estavam me sacaneando.

Quando cheguei lá, Jorjão disse que aquela era a chave errada. Desci, então, com aquele peso, feito um babaca. Esse tipo de sacanagem era comum naquele serviço. Colocávamos bigode de pasta de dente, em quem descansava do almoço e água de bateria nos assentos da oficina. Quando o camarada sentia a ardência na bunda, a calça já estava furada.

Áreas de trabalho espaçosas e com grande contingente de empregados, como canteiros de obra e oficinas daquele porte, lembram uma cadeia. Não podia esquecer nada fora do armário, senão sumia.

De vez em quando auxiliava os mecânicos e acabei aprendendo a fazer as primeiras revisões dos carros (Troca de filtro de óleo, de filtro de ar etc.).

Foi também, com os mesmos mecânicos que aprendi a beber cachaça no boteco, durante a hora do almoço...

Fiquei naquele batente, por um ano e dois meses. Aos dezesseis anos, fui mandado embora do tal serviço. Foi aí, então, que minha mãe me arrumou outro serviço, como Auxiliar de Estoquista, em uma concessionária de automóveis, em São Gonçalo.




segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Hã?

Por: Alexandre Mendes




O ser ignorante tem o mágico poder
de rir da pobreza que é satirizada na televisão
e se convence que tem gente engraçada neste mundo,
efeito causado pela pobreza,
 considerando vagabundo
aquele que não serve a um patrão


O ser ignorante olha o próprio umbigo
 e ignora a fata de tudo que impera
na vida daquele que encara a pobreza,
Se cala frente o SUS falido 
e caga pra grana do INSS
nas mãos de corrompidos


O ser ignorante julga o desprovido
e o seu sapato cheio de barro
diz que o filho vai ser bandido,
"Manter a ralé distante", 
O pensamento é claro


Ignorante, até quando?
Defendem a segregação social
Impondo limites e barreiras policiais
perto da cama do pobre
menosprezando a ausência de dentes
as rugas e os tumores malignos
que surgem do desprezo
que o ser ignorante dispensa a pobreza.

domingo, 9 de outubro de 2011

Gênio

Eu inventei o coçador de costas. Um dos maiores inventos após a descoberta do fogo.
Morri. Ninguém deu bola.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Memórias de um operário XIII

Por: Alexandre Mendes


Houve um acontecimento que marcou a minha vida, no momento em que a obra de Vista Alegre acabou e, simultaneamente, discuti com as donas do trailer, abandonando o serviço.  Fiquei perdido e atordoado com a situação financeira em que me encontrava. A geladeira vazia e as contas atrasadas.

Quando o dono da casa começou a me cobrar os três meses de aluguel atrasado, todo dia, acabei pirando com a situação. Saia de casa, cedo, e não encontrava trabalho. Estava desacostumado com as ruas. Tentei voltar, mas acabei falindo. Fiquei completamente sem dinheiro. 

Lembrei-me do revólver calibre 32, que comprara anteriormente, pensando na segurança da minha família enquanto trabalhava no trailer. Até então, a peça não havia tido utilidade alguma para mim. Além do mais, eu nunca cheguei a atirar com a arma e, no final, quando eu a vendi, já estava bem enferrujada por falta de lubrificação.


  Sentia muito ódio no meu coração. Precisava trabalhar, mas não achava emprego. Apareciam de repente, trabalhos de venda sem remuneração fixa. Andar o dia inteiro tentando vender dez planos de saúde, com um nome que ninguém nunca ouviu falar antes. Não, nem tentava trabalhar nessas merdas.

Coloquei a arma na cintura, olhei ao meu redor. Precisava manter a casa intacta, a qualquer custo. Despedi-me de minha família (Davi não havia nascido ainda) e caminhei na direção do ponto de ônibus, por volta de umas onze e meia da noite.

Minha esposa chorava e implorava para que eu não fizesse aquilo. No entanto, a sua choradeira foi em vão. Eu estava decidido a trazer o dinheiro suficiente para acertar as dívidas e encher a geladeira.

O suor e o nervosismo tomaram conta de mim. Dois faróis enormes surgiram no horizonte. Fiz sinal. O ônibus parou.

Subi as escadas do coletivo e olhei para a cara do cobrador. Ele estava conversando com um cara sinistro. Não tive coragem de sacar a arma. E se o camarada estivesse armado? E se eu fosse obrigado a disparar a minha arma? E se eu caísse morto? Sairia na primeira página do jornal: “Morreu o bandido que nunca roubou.“

- Posso dar um vôo, por debaixo da roleta?- O cobrador consentiu. Puxa, que momento estressante!

Desci, logo em seguida, uns oito pontos depois. Percebi que seria muito mais difícil do que havia imaginado.

Tentei o ato por três noites seguidas e nada. Entrava e saia dos raros ônibus que rodavam durante a madrugada, os chamados “serenos”, tentando criar coragem de tomar algo valioso de alguém.  

Foi aí que percebi que não havia nascido para a vida fácil. Precisava voltar a trabalhar, o mais rápido possível.

 Fiz, então, as pazes com as donas do trailer e voltei a trabalhar no turno da noite.


terça-feira, 4 de outubro de 2011

Unknow

Juntando os pedaços de mim mesmo
dissolvidos em pequenas partículas
Atroz, astuto no mundo
Corpo estranho, metafísica
Cestos de palha seca
Gomos de laranja lima
Se alguém tiver uma colher
Me empresta, sem maresia.

Alexandre Mendes

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A Queda

Por: Alexandre Mendes

Fuuuaaaafuuuu... - Tentava respirar, caído no chão com uma bala no peito.
TATATATATATA!
PÓPÓPÓ!
"Caralho! Caiu todo mundo!" - Me esforçava para enxergar, em meio a escuridão que atacava as minhas vistas.
- POLÍCIA! QUIETINHOS AÍ! A CASA CAIU!

Foto retirada da internet

Tarde demais. O bando não demonstrou a menor resistência...

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

PROTESTO NAS BARCAS CONTRA A TARIFA DE R$4,52

Amanhã às 06:30 - quinta às 17:00


A Agetransp vai decidir, no fim de setembro, se aceita ou não o pedido da Barcas S/A para reajustar em 61% o valor da tarifa da linha Rio-Niterói, que passaria dos atuais R$ 2,80 para R$ 4,52.

Está na hora de darmos um basta nesta história de abuso das Barcas S/A. Vamos fazer um grande ato com apoio de todos os usuários que são lesados,
há mais de 10 anos, com estes aumentos que são colocados acima da inflação.

Já CHEGA DE AUMENTOS!

TERÇA NAS BARCAS DE 6:20

QUINTA NAS BARCAS DAS 17:00



Maiores detalhes:
http://www.facebook.com/event.php?eid=280266771987672

Postado por Fabio da Silva Barbosa

http://rebococaido.blogspot.com/2011/09/protesto-nas-barcas-contra-nova-tarifa.html?showComment=1317070128686#c541093528904200312


 

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O bolo

Por: Alexandre Mendes


Só vou esperar mais alguns minutos. Já estou aqui há mais de duras e até agora, nada dela chegar. O ônibus para o Centro passa de meia, em meia hora. Enfim, demora pra caralho!

Vou esperar só mais dez minutos. Três horas esperando aqui, plantado. O ônibus acabou de passar. Agora, só daqui há meia hora passa outro. Cadê ela?

Porra, cinco minutinhos e tô partindo! Perdi a tarde toda, aqui, esperando ela chegar.
Faltam vinte e cinco minutos para o próximo ônibus passar. Puta merda!

Esperei a chegada do ônibus e embarquei. Fui para casa, bastante decepcionado. 





domingo, 18 de setembro de 2011

Memórias de um operário XII

Por: Alexandre Mendes
]



Comecei a trabalhar cedo, a pedido de minha mãe. Não entendia porque ela insistia tanto nisso. Mais tarde, quando descobri que o câncer a consumia, passei a levar a coisa mais a sério. Ela queria que eu me fizesse homem adulto, o mais rápido possível. Sabia que eu teria que me virar sozinho, quando ela morresse. Achava que nenhum dos meus tios ou pai me ajudaria. Mais tarde, essa certeza que ela carregava se concretizou...

Desvendei o mistério sobre a sua magreza e comecei a correr atrás de trabalho, aos dezessete anos de idade.

Sai de casa e fui morar com a minha atual esposa, em um pequeno cortiço no Bairro Arsenal, São Gonçalo.

Consegui, através dos classificados, um trabalho de vendedor de pastel com refresco, em lojas de automóveis e comércios em geral, no Centro de Niterói.

A firma era dentro de uma casa, onde moravam duas senhoras.

O pastel era feito por elas, que se revezavam no gerenciamento, e mais três empregadas. Uma cozinheira e duas auxiliares, para a produção dos pastéis. O refresco era posto em garrafas térmicas de cinco litros, as quais eram amarradas pelo vendedor no guidom de uma bicicleta. O pastel era armazenado em bandejas de madeira, forradas com isopor e papel metálico. As bandejas tinham que ser amarradas no carona da bicicleta.

Circulava, habitualmente, pelas mesmas ruas.

Meu público alvo, os funcionários dos comércios, faziam contas semanais, quinzenais e mensais.

Pilotava o “camelinho” junto ao trânsito, disputando as laterais das ruas, com motos e automóveis.

Nem sempre, os clientes quitavam os seus débitos e o fiado aumentava no caderninho, consideravelmente. Teve caso de gente morrer me devendo.

Um belo dia, eu me cansei de trabalhar para as duas mulheres e montei o meu próprio negócio. Comprei um recipiente de plástico e uma garrafa térmica de cinco litros e passei a vender sanduíche, nos antigos pontos.

Entretanto, eu não sabia que, um ano depois, eu acabaria voltando a trabalhar para as senhoras do pastel...

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Memórias de um operário XI



 

Por: Alexandre Mendes



    Após me desligar da lanchonete, encontrei-me com a cliente que me propôs o emprego de gerente, na loja de decoração.

   Concordei com o salário proposto, pois era bem mais do que eu ganhava na chapa. A vontade de executar outro tipo de tarefa, para obter a minha renda, era muito forte.

   Tive que comprar camisas de botão e calças sociais. O cargo exigia uma boa aparência para atender o público. A barba deveria estar sempre bem feita.

  A infinidade de tecidos e preços me deixava louco. Tentava decorar aqueles números. Mas a responsabilidade estava um pouco além, disso...

 Fiquei responsável pela intermediação entre a dona da loja e os funcionários. Não conseguia entender porque, a princípio, os vendedores não falavam comigo direito. Pareciam estar furiosos com a dona da loja.

Acabei fazendo amizade com o auxiliar de serviços gerais. Ele me contou, então, que os funcionários não recebiam seus salários, já fazia três meses. Confesso que o fato me deixou chocado.

Certa vez, uma das costureiras me pediu um vale, alegando que precisava comprar fraldas para a sua neta. Fui até o escritório e passei o pedido da costureira para a dona.

Foi muito difícil para mim, dizer a pobre costureira que não tinha dinheiro no caixa e que, portanto, só poderia lhe dar o vale, quando entrasse grana.

Comecei a achar que a dona da loja era uma vigarista. Enchia a cara, o dia todo, trancada no escritório. Ela havia me dado uma procuração, para que eu pudesse tomar a frente na negociação das contas atrasadas da loja.

Aguentei o trampo apenas por um mês e meio. A essa altura, o meu pagamento já estava atrasado, junto com os salários dos outros funcionários.

Discuti com a mulher. Acusei-a de ter me convidado para uma furada e exigi que me pagasse logo.

Uma semana depois, ela depositou o dinheiro na minha conta.

Pronto. Estava livre e desempregado, novamente.

O dinheiro que sobrou, após pagar algumas contas, eu investi em blusas de rock, compradas em Petrópolis.

 Voltei, então, para as ruas.  

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Memórias de um operário X


Por: Alexandre Mendes

Após largar a bicicleta na porta da lanchonete, deixando de lado o serviço de entregador, apresentei-me no outro batente, no dia seguinte.

Cheguei ao estabelecimento na parte da tarde, a pedido do dono.

Ganhei duas mudas de uniforme, já usadas por outro funcionário. Camisa listrada, verde e branca, calça verde, de pano e sapato preto. Guardei a minha roupa no armário de ferro, numerado. Meu compartimento era o número 30.

Fui apresentado ao chapeiro do turno da noite. Era um paraibano branco, de cara larga e feições sofríveis, como as de qualquer migrante batalhador.

Aldo me ensinou as tarefas a serem, cotidianamente, executadas. Ligar os aparelhos (Chapa e fritadeira); Preparar a salada (Cortar tomate, alface e encher tubos de molho); Preparar as pastas (Milho, ovo, frango e atum) e outros detalhes.

O treinamento visava preparar os novos funcionários para o trabalho na nova loja, que estava prestes a ser inaugurada.

O movimento de clientes era intenso, nos fins de semana. Os balconistas gritavam seus pedidos, tanto para o setor do suco, como para o setor da chapa. Era necessário guardar o pedido na memória. Se a chapa ainda não estivesse cheia, era melhor colocar a carne para assar, o mais rápido possível.

Eu já conhecia os métodos empregados por Aldo para me ensinar o serviço. Lembrei-me do primeiro mestre de obra que auxiliei. Ele xingava muito o aprendiz, enquanto ensinava.

Eu me considerava forte àquela altura e aturei o treinamento, até me tornar um profissional.

Três meses depois, inauguramos a nova loja. Trabalhei nela durante quatro anos e meio, sempre no mesmo setor, no turno da noite. Como o meu horário era o de maior movimento, tive um relativo valor para o meu patrão, enquanto trabalhei no local. Treinei os auxiliares de chapa, contratados para os fins de semana.

Um dia me cansei do trabalho. Não via a menor perspectiva de crescimento profissional, no estabelecimento. A correria era muito estressante. Eu já trabalhava na chapa, há quatro anos e meio.

Foi quando alguém me chamou para uma nova oportunidade de trabalho, como gerente de uma loja de decoração.

Negociei com o patrão a minha demissão.

Logo depois, entrei em uma furada...


sábado, 10 de setembro de 2011

Os Sonacirema

A cultura dos Sonacirema se caracteriza por uma economia de mercado altamente desenvolvida, que se beneficiou de um habitat natural muito rico. Muito ocupados com a economia, depreendem muito tempo com ocupação de rituais. O corpo humano é o principal foco de atenção dos rituais.
Acreditam que é débil, feio e doente e por isso todo grupo tem em suas casas os santuários para suas cerimônias. Os mais ricos tem diversos deles, aliás, sua condição é avaliada pela quantidade de santuários que possui em sua casa. Os menos favorecidos têm apenas um e se espelham nos ricos na construção dos santuários, cobrindo-os de pedras e cerâmicas.
As cerimônias ocorridas são secretas e privadas e somente com às crianças se discute esses mistérios, porque são iniciantes.
Uma caixa embutida na parede guarda poções mágicas e inúmeros feitiços, sem os quais, nenhum nativo acredita poder viver.
Os feitiços são obtidos de curandeiros, os quais escrevem com linguagem antiga e secreta as poções curativas que são levadas aos herbários e curandeiros que fornecem o feitiço desejado, cada qual recebendo substanciais presentes. Os feitiços são utilizados na medida de seu propósito e depois são guardados na caixa mágica que esta sempre cheia, são tantos que as pessoas esquecem sua utilidade.
Embaixo da caixa sagrada existe a fonte de águas sagradas, que os sacerdotes mantêm ritualmente puro, através de cerimônias no Templo das Águas.
Os homens-da-boca-sagrada estão abaixo dos curandeiros, e os sonacirema acreditam que o cuidado da boca tem uma influência sobrenatural nas relações sociais e uma forte relação entre características orais e morais. O corpo e a boca fazem parte do ritual cotidiano, rito que repugna o estrangeiro, pois o uso de um pequeno feixe de cerdas de porco na boca, que movimenta pós mágicos com gestos iguais e continuados.
O homem-da-boca-sagrada recebe a visita dos sonacirema duas ou mais vezes por ano. Esses possuem uma variedade de objetos usados no exorcismo dos perigos da boca, alargam buracos e lá depositam pós-mágicos, mesmo que os dentes deteriorem os nativos continuam retornando. As personalidades destes nativos mostram uma tendência masoquista definida, pois o homem-da-boca-sagrada enfia a agulha no nervo enquanto seus olhos brilham sadicamente. Essa tendência fica evidente quando no ritual diário envolve uma arranhadura e laceração no rosto com um instrumento cortante. Ritos femininos também são masoquistas, quatro vezes por mês lunar, as mulheres enfiam suas cabeças em fornos durante uma hora.
A imponência do templo Latipsoh recebe pacientes doentes para tratamento e as cerimônias ai realizadas, envolvem um grupo de vestais com roupa e penteados distintos, além do taumaturgo. Existe uma certa violência nas cerimônias, pouco conseguem curar-se. Crianças não gostam de submeter-se à doutrinação e resistem. Os guardiões não admitem o cliente que não possa dar um presente ao zelador, mesmo após sobreviver às cerimônias, não se permite a saída até que outro presente seja dado.
Os sonacirema não expõem o corpo e suas funções, como banho e excreções, e ao entrar para as cerimônias sofrem um choque psicológico por não estar na intimidade doméstica. Um homem nunca exposto no ato excretório, nem sua mulher, de repente, encontram-se nus diante de uma vestal desconhecida, enquanto executa suas funções no vaso sagrado. Essas excreções são utilizadas por um adivinho para diagnosticar a doença, enquanto as clientes são apalpadas e manipuladas pelos curandeiros.
Além de ficarem quietos em suas camas duras, os pacientes recebem de madrugada a visita de vestais que os acordam e fazem uma série de exames, enfiando varas em suas bocas além de atirarem agulhas magicamente tratadas em sua carne.
O feiticeiro chamado de Escutador exorciza demônios em pessoas que foram enfeitiçadas. Os sonacirema expõem ao Escutador todos os seus medos e problemas, pois acreditam que os pais fazem feitiçaria contra os filhos.
A estética nativa é aversa ao corpo e as funções naturais. Fazem rituais de jejum para fazerem gordos ficarem magros, banqueteiam os magros para os engordarem, rituais para fazerem seios das mulheres crescerem, ou diminuírem se são grandes. Aliás, essas de desenvolvimento hiper-mamário são idolatradas e podem viver de aldeia em aldeia exibindo-os em troca de uma taxa.
As funções sexuais são distorcidas, tabu como conversa, são muitos esforços feitos para evitar a gravidez, materiais mágicos e fases da lua. A concepção é pouco freqüente e, quando grávidas, as mulheres se vestem a ocultar o seu estado. O parto é em segredo, a maioria das mulheres não amamenta e nem cuida dos bebes.
Essa vida cheia de rituais mostra a dificuldade de compreender como os Sonacirema conseguiram sobreviver com os pesados fardos que lhes impuseram.
Agora que você leu tudo, leia ao contrário a palavra... Sonacirema. "nós, Sonamuh", também temos as mesmas práticas, mas não entendemos a verdade simplesmente pelo nosso preconceito e por despreparo mental em analisar as coisas sob outros pontos de vista, que não o do nosso ego.