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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Republica dos Bichos

Por: Alexandre Mendes


São treze filhotes, no total. Quem quiser adotar, entre em contato.


Vocês fazem ideia de como é acordar com um mugido, embaixo da sua janela?




Ciscando pelo mato, elas não lavam uma roupa sequer...
Quem gostaria de ser uma galinha?


terça-feira, 18 de outubro de 2011

A Comuna de Paris

Por: Alexandre Mendes


 A França havia entrado em crise, logo após ser derrotada pelas tropas prussianas, em 1870.
 Tal fato contribuiu para o fortalecimento da Guarda Nacional parisiense, fundando no dia três de março de 1871, a Federação Republicana da Guarda Nacional, formada por 200 batalhões. Nomearam, então, uma comissão executiva.
 Em 17/18 de março de 1871, o governo enviou 15 mil homens para debelar a Comuna de Paris, não obtendo sucesso no ataque. As tropas confraternizaram com a população (inclusive mulheres e crianças), que apoiava a Guarda Nacional.

Militares pousam orgulhosos para a foto: A estátua de Napoleão fora derrubada.

Declaração de Princípios, em 22/23 de fevereiro de 1871: 

"Todo membro do comitê de vigilância declara pertencer ao partido socialista revolucionário. Em consequência, busca com todos o meios suprimir os privilégios da burguesia, seu fim como casta dirigente e o poder dos trabalhadores. Em uma palavra, a igualdade social. Não mais patrões, não mais proletários, não mais classes [...] O produto integral do trabalho deve pertencer aos trabalhadores [...] Impedir-se-á, em caso de necessidade com a força, a convocação de qualquer Constituinte ou outro tipo de Assembléia Nacional, antes que a base do atual quadro social seja mudada  por meio de uma liquidação revolucionária política e social. A espera desta revolução definitiva não reconhece como governo da cidade mais que a Comuna revolucionária  formada por delegados dos grupos revolucionários desta mesma cidade. Reconhece como governo do país apenas o governo formado por delegados da Comuna revolucionária do país e dos principais centros operários. Empenha-se no combate por esta ideia e a divulgará, formando onde não existe grupos socialistas revolucionários. Articulará estes grupos entre si e com a Delegação Central. Porá todos os meios que dispõe, a serviço da propaganda pela Associação Internacional dos Trabalhadores."

Medidas tomadas pela Comuna (Proclamação da Comuna ao povo trabalhador de Paris):
O combate à burocracia estatal: Todos os cargos administrativos seriam revogáveis, e remunerados, no máximo, com o salário de um operário qualificado; a abolição do exército permanente e a sua substituição pelas milícias populares; a interdição do acúmulo de cargos; a organização de conselhos operários nas fábricas abandonadas pelos patrões; a redução da jornada de trabalho para dez horas; a eleição da direção das fábricas pelos trabalhadores; a reforma do ensino.

Os parisienses foram massacrados. 

20 de maio- As tropas de Thiers invadem a Comuna, contando com 130.000 homens.. A França acabara de confraternizar com a Prússia.
22 de maio- O comitê de Salvação Pública da Comuna lança um apelo geral a batalha. A população adere a guerra. Ocorre, então, um massacre, com 4.000 communards mortos em batalhas, 20000 executados após a derrota, e 10.000 fugitivos, exilados. Calcula-se que cerca de 100.000 habitantes parisienses foram afetados pela invasão das tropas governamentais.
28 de maio- Fim da Comuna.


Obs: A Comuna de Paris provou ser possível uma participação mais efetiva do povo na política, bem como a auto-sustentabilidade de uma sociedade fechada em si, porém mais justa.

Texto de apoio e citações:
In: COGGIOLA,Oswaldo (org.). Escritos sobre a Comuna de Paris. São Paulo, Xamã, 2002

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

DESAPARECIDA



Salve, galera!

 Stefanini Freitas Monken da Conceição, 18 anos desapareceu dia 30/09 ás 6:30 no Monte Florido em Petropolis, a caminho da escola, agradecido mesmo pela força, junto segue a foto dela.
Quem tiver alguma informação do paradeiro dela, entre em contato com rafaelpereiradefreitas@gmail.com 

Obrigado!



terça-feira, 11 de outubro de 2011

Memórias de um operário XIV

Por: Alexandre Mendes



Quando completei quinze anos, minha mãe conseguiu arrumar um emprego para mim, em uma concessionária.  O cargo era de Auxiliar de Oficina.

O trabalho consistia no transporte das peças de automóveis, do estoque para os setores de oficina, lanternagem e pintura. Adélio era o vendedor interno, isto é, aquele que requisita a peça para o conserto do automóvel, em uma Ordem de Serviço. Ele era o encarregado do meu serviço. Requisitava as peças, enquanto eu as transportava. 

Aprendi com o tempo o serviço de vendedor interno, mas confesso que decorar a numeração das peças, que não param de ser inventadas, é bem difícil.

Fato curioso era o ritual de iniciação que os mecânicos, pintores e lanterneiros do estabelecimento impunham aos novatos. 

Jorjão, o chefe da lanternagem (que ficava no quarto andar) havia me pedido que buscasse no estoque (Primeiro andar), uma chave de desempenar “para-brisa”. E lá fui eu, pedir a tal chave no estoque. O estoquista riu e me deu uma caixa enorme com um cabeçote de motor, amarrado em um carrinho de duas rodas.  Sai puxando aquela peça enorme pela rampa, até o quarto andar, sem saber que estavam me sacaneando.

Quando cheguei lá, Jorjão disse que aquela era a chave errada. Desci, então, com aquele peso, feito um babaca. Esse tipo de sacanagem era comum naquele serviço. Colocávamos bigode de pasta de dente, em quem descansava do almoço e água de bateria nos assentos da oficina. Quando o camarada sentia a ardência na bunda, a calça já estava furada.

Áreas de trabalho espaçosas e com grande contingente de empregados, como canteiros de obra e oficinas daquele porte, lembram uma cadeia. Não podia esquecer nada fora do armário, senão sumia.

De vez em quando auxiliava os mecânicos e acabei aprendendo a fazer as primeiras revisões dos carros (Troca de filtro de óleo, de filtro de ar etc.).

Foi também, com os mesmos mecânicos que aprendi a beber cachaça no boteco, durante a hora do almoço...

Fiquei naquele batente, por um ano e dois meses. Aos dezesseis anos, fui mandado embora do tal serviço. Foi aí, então, que minha mãe me arrumou outro serviço, como Auxiliar de Estoquista, em uma concessionária de automóveis, em São Gonçalo.




segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Hã?

Por: Alexandre Mendes




O ser ignorante tem o mágico poder
de rir da pobreza que é satirizada na televisão
e se convence que tem gente engraçada neste mundo,
efeito causado pela pobreza,
 considerando vagabundo
aquele que não serve a um patrão


O ser ignorante olha o próprio umbigo
 e ignora a fata de tudo que impera
na vida daquele que encara a pobreza,
Se cala frente o SUS falido 
e caga pra grana do INSS
nas mãos de corrompidos


O ser ignorante julga o desprovido
e o seu sapato cheio de barro
diz que o filho vai ser bandido,
"Manter a ralé distante", 
O pensamento é claro


Ignorante, até quando?
Defendem a segregação social
Impondo limites e barreiras policiais
perto da cama do pobre
menosprezando a ausência de dentes
as rugas e os tumores malignos
que surgem do desprezo
que o ser ignorante dispensa a pobreza.

domingo, 9 de outubro de 2011

Gênio

Eu inventei o coçador de costas. Um dos maiores inventos após a descoberta do fogo.
Morri. Ninguém deu bola.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Memórias de um operário XIII

Por: Alexandre Mendes


Houve um acontecimento que marcou a minha vida, no momento em que a obra de Vista Alegre acabou e, simultaneamente, discuti com as donas do trailer, abandonando o serviço.  Fiquei perdido e atordoado com a situação financeira em que me encontrava. A geladeira vazia e as contas atrasadas.

Quando o dono da casa começou a me cobrar os três meses de aluguel atrasado, todo dia, acabei pirando com a situação. Saia de casa, cedo, e não encontrava trabalho. Estava desacostumado com as ruas. Tentei voltar, mas acabei falindo. Fiquei completamente sem dinheiro. 

Lembrei-me do revólver calibre 32, que comprara anteriormente, pensando na segurança da minha família enquanto trabalhava no trailer. Até então, a peça não havia tido utilidade alguma para mim. Além do mais, eu nunca cheguei a atirar com a arma e, no final, quando eu a vendi, já estava bem enferrujada por falta de lubrificação.


  Sentia muito ódio no meu coração. Precisava trabalhar, mas não achava emprego. Apareciam de repente, trabalhos de venda sem remuneração fixa. Andar o dia inteiro tentando vender dez planos de saúde, com um nome que ninguém nunca ouviu falar antes. Não, nem tentava trabalhar nessas merdas.

Coloquei a arma na cintura, olhei ao meu redor. Precisava manter a casa intacta, a qualquer custo. Despedi-me de minha família (Davi não havia nascido ainda) e caminhei na direção do ponto de ônibus, por volta de umas onze e meia da noite.

Minha esposa chorava e implorava para que eu não fizesse aquilo. No entanto, a sua choradeira foi em vão. Eu estava decidido a trazer o dinheiro suficiente para acertar as dívidas e encher a geladeira.

O suor e o nervosismo tomaram conta de mim. Dois faróis enormes surgiram no horizonte. Fiz sinal. O ônibus parou.

Subi as escadas do coletivo e olhei para a cara do cobrador. Ele estava conversando com um cara sinistro. Não tive coragem de sacar a arma. E se o camarada estivesse armado? E se eu fosse obrigado a disparar a minha arma? E se eu caísse morto? Sairia na primeira página do jornal: “Morreu o bandido que nunca roubou.“

- Posso dar um vôo, por debaixo da roleta?- O cobrador consentiu. Puxa, que momento estressante!

Desci, logo em seguida, uns oito pontos depois. Percebi que seria muito mais difícil do que havia imaginado.

Tentei o ato por três noites seguidas e nada. Entrava e saia dos raros ônibus que rodavam durante a madrugada, os chamados “serenos”, tentando criar coragem de tomar algo valioso de alguém.  

Foi aí que percebi que não havia nascido para a vida fácil. Precisava voltar a trabalhar, o mais rápido possível.

 Fiz, então, as pazes com as donas do trailer e voltei a trabalhar no turno da noite.


terça-feira, 4 de outubro de 2011

Unknow

Juntando os pedaços de mim mesmo
dissolvidos em pequenas partículas
Atroz, astuto no mundo
Corpo estranho, metafísica
Cestos de palha seca
Gomos de laranja lima
Se alguém tiver uma colher
Me empresta, sem maresia.

Alexandre Mendes