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sábado, 27 de agosto de 2011

Mercantilismo



Por: Alexandre Mendes


Antecedentes: Os Estados modernos buscavam fundamentos nas experiências e regulamentos das cidades medievais. A implantação do Mercantilismo foi influenciada pelo medo do retorno dos períodos de fome e mortandade, ocorridos durante a Idade Média.
O Mercantilismo foi um projeto de política econômica que insuflou o progresso do sentimento nacional, reforçando o poder do Estado.
Preocupações econômicas dos Estados:
Balança comercial favorável, com a diminuição da saída de minerais para o exterior e o acúmulo de ouro e prata.
Desenvolvimento das manufaturas
A expansão marítimo-comercial foi incentivada pelo Mercantilismo.

Características comuns da política mercantilista:

Incentivo a produção, favorecendo aos investidores, com privilégios e monopólio.

Protecionismo econômico

Busca de uma balança comercial favorável

Essas características foram adotadas em diferentes reinos da Europa.


Séc. XVI – As grandes monarquias da época, principalmente a França e a Inglaterra, declaram a intervenção econômica Estatal.

Os reinos passaram, então, a incentivar o entesouramento, em busca de uma balança comercial favorável. Eles alegavam que os impostos cobrados seriam usados para financiar os órgãos forjados durante o período Absolutista (exército, burocracia etc.).

A intervenção incentivou o fim da importação. Os Estados passaram a controlar os artesãos, fazendo com que produzissem mercadorias exportáveis. Os reinos se dedicavam a impedir a saída do ouro e da prata, de seus territórios.

A Inglaterra e a França fortaleceram o nacionalismo econômico, promovendo a disputa do mercado. Eles centravam a atenção na disputa da América Espanhola.

1620- Ocorre uma crise econômica na Europa, devido a falta de ouro e prata, dentro dos países endividados.

A burguesia produtora do mercado interno muda o seu perfil, a partir de 1640, e passa a apoiar o expansionismo.


quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A destruição da cultura indígena no Brasil



Por: Alexandre Mendes



Durante a fixação da Igreja Católica no Brasil, os índios assimilaram a figura do padre, com a figura do pajé e a sua religiosidade. Eles acabaram aceitando a liderança dos monges franciscanos, dentro das aldeias, enfraquecendo o cacique e o Conselho de Anciãos das tribos.

Os índios, então, passaram a viver nas missões, sujeitando-se a todo tipo de trabalho braçal e instrução religiosa. Eles acabaram perdendo grande parte de sua cultura e liberdade. Sua rotina de fazer as coisas, apenas quando precisasse, tinha acabado...


Dentro das missões, cada coisa tinha o seu tempo determinado e a imposição da monogamia, com as famílias divididas em casas individuais, aboliu o quadro poligâmico anterior.

Mesmo assim, houveram costumes trazidos pelos monges que os índios não conseguiram assimilar, como o autoflagelo.

O teatro foi usado para pregar entre os índios. Os padres buscavam explicações para crenças e pensamentos dos índios, baseadas no ideário católico. Ex: “As Pegadas de Zumé”, em uma pedra na Bahia, seriam na verdade, as pegadas de São Tomé.


A Constituição de 1824 e o direito de religiosidade

O artigo 5 permitia cultuar outras religiões, entretanto, não era permitido nenhum tipo de propaganda de culto.

Beneplácito Régio- O Imperador nomeava Bispos e provinha os benefícios eclesiásticos. Havia um enlace entre o Governo e a Igreja. Os padres eram como funcionários públicos.

Os que praticavam as demais religiões eram considerados cidadãos de segunda categoria.

A exclusão dos protestantes, por parte do Estado, incentivou a reclusão das Colônias do sul. Tal fato contribuiu para a preservação da língua natal arcaica e costumes, em geral.


A Igreja Católica impôs a educação Colonial aos índios.

As heranças dos católicos de além-mar eram enviadas para as instituições da Igreja Católica.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Brasil, EUA e suas relações políticas

Por: Alexandre Mendes


História

O Brasil sempre adotou uma postura de dependência, mediante os EUA e a Europa, principalmente, a Inglaterra.

O contato do Brasil com os EUA intensificou-se, no Governo Dutra (1946-1951). Durante a sua gestão, o Brasil alinhou-se com os EUA, rompendo as relações políticas com a URSS, em 1947.

 O Governo Dutra intensificou o pedido de empréstimos, endividando e comprometendo o Brasil, com os EUA.

Após um breve período de retomada da economia nacional-estatista, com o Governo Vargas (1951-1954), o Brasil volta a reforçar os laços com os EUA, durante o Governo JK (1956-1960).
 Getúlio Vargas: Fomento a indústria nacional.

A penetração das grandes empresas estrangeiras no mercado nacional foi facilitada, como uma das cláusulas do acordo, para o Brasil obter os empréstimos. A construção de Brasília foi financiada pelos EUA.

Durante a gestão João Goullart (1961-1964), houve a tentativa de retomar o modelo econômico nacional-estatista, de Getúlio Vargas. Mas, era tarde demais...
      Jango: Governo golpeado pelos militares.

Em 31/03/64, os militares deram um golpe de Estado, apoiados pelos partidos da direita e classe média, em geral.
Os militares promoveram o chamado “milagre econômico” no Brasil.
Construíram rodovias e obras faraônicas, a custa de vultosos empréstimos, concedidos pelos EUA.
A inacabada Rodovia Transamazônica

Além da entrega da economia brasileira as multinacionais, também, houve a contração da economia interna, com o arrocho salarial e o empobrecimento das camadas populares.

A influência da academia militar norte americana sobre o exército brasileiro foi significativa. Os militares usurparam dos direitos políticos e civis dos cidadãos brasileiros, segundo as instruções dos EUA, durante vinte e um anos.
O cinema de Glauber Rocha,
retratando os tempos da Ditadura.

Após anos de medidas recessivas e combate efetivo a inflação, o Brasil goza, atualmente, de uma boa posição política no plano internacional. Sua posição de dependência, frente aos EUA, foi apagada com a quitação da dívida externa.
No entanto, a influência cultural norte americana mantém-se.
Palavras norte americanas, usadas no cotidiano:
Hot-dog
Hamburguer
Fast-Food
Fitness
Música
Pearl Jam
Black Eye Peas
Michael Jackson
Seriados e desenhos
 I Carly
Walt Dysney
Filmes
O resgate do soldado Ryan
Independence Day

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Memórias de um operário VIII



Por: Alexandre Mendes

  Já estava de saco cheio de trabalhar na entrega da lanchonete.  O que mais me aborrecia era que todos os funcionários efetivados no estabelecimento, queriam mandar nos entregadores. Nós éramos membros de uma cooperativa e não tínhamos carteira assinada. Qualquer vacilo, até logo! Muito inseguro...

Como sou um cara bem comunicativo, conheci o gerente de uma lanchonete da zona sul de Niterói. O cara pegava o ônibus comigo, no ponto da Roberto Silveira, na volta do trabalho.

Um dia, Juarez me disse que abririam uma nova lanchonete, em Itaipú e, me perguntou se eu gostaria de trabalhar, no tal estabelecimento.

- Claro que sim. – Respondi.

Apresentei-me, com os meus documentos na lanchonete, aonde Juarez era gerente.  Disseram-me, o dia em que eu deveria me apresentar para o treinamento.

Tinha que arrumar uma desculpa para ser dispensado da entrega, antes do dia de apresentação no emprego novo. Esperei o momento certo, isto é, um dia antes da apresentação.

Havia um outro subgerente, que era insuportável. Metido a dar esporro, nenhum de nós, entregadores, gostávamos dele.

Fui fazer uma entrega e quando voltei para a lanchonete, já era meia noite. As portas já estavam cerradas. Cheguei recolhendo minha bicicleta no depósito. Hora de ir embora.

- Leva essa entrega, aqui! – Disse o subgerente, arrogante como sempre.

- Não! Já deu a minha hora! Vocês vão me pagar hora extra?

- Guarda a bicicleta e não vem trabalhar, amanhã. Liga umas dez horas, pra ver o quê a gente resolve, aqui, sobre o seu destino. – Disse ele.

- Então vou fazer melhor: Vou largar a bicicleta, aqui mesmo, e não volto nunca mais.

O subgerente ficou meio desajeitado e disse:

- Então, tchau!

Apresentei-me no dia seguinte no emprego novo. O dono decidiu que eu seria o chapeiro.

E foi assim que assinei a minha carteira novamente, depois de longos anos sem contribuir para o nosso falido INSS.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Glória

   Ela só queria ver o sol brilhando, iluminando a sua passagem. Mas tinha medo do preconceito.
- Como, as pessoas vão reagir?
Ela gostaria de sacudir a cabeça e abrir os olhos. Mas tinha medo do quê diriam.
- Como, mamãe vai reagir?
Ela queria fazer, aquilo que queria fazer, não o que tinha que ser feito. Mas tinha medo.
- Como, os meus colegas do trabalho vão reagir?
   Morreu, sem sacudir a cabeça.
   Morreu, sem abrir os olhos.

Alexandre Mendes

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

TAQUICARDIA




Corri em direção a janela, peguei impulso e pulei. Caí rolando, me levantei e continuei correndo.

Avistei um buraco de esgoto, aberto, no meu caminho. Dei um salto sobre ele, deixando-o para trás.

Meu ouvido aguçado, ouvia, apenas o barulho das minhas pegadas velozes e o som ofegante da minha respiração.

- Arffff... Arffffff...  - Respirava, cansado. Eu sabia que, a qualquer momento, seria obrigado a parar.

Ruas, ruas, ruas e mais ruas... Um posto de gasolina...Uma praça.

 “Vou descansar, finalmente.” – Pensei.

 Tive a impressão de que o meu coração iría saltar pela boca. Minha garganta estava muito seca, e eu já não tinha mais saliva.

A minha roupa se encontrava em um estado deplorável. A blusa colada no meu corpo, devido ao suor. As virilhas, completamente, assadas.

Joguei-me no banco verde, da praça.

 Descansei...



Alexandre Mendes

terça-feira, 9 de agosto de 2011

A máquina biológica, na sinuosa estrada da vida


Por Alexandre Mendes



Manual de instruções 
A chave na ignição - Símbolo de sexo, orgasmo e reprodução. Ao girá-la, cometerás o ato sexual em si, podendo, daí, originar outras máquinas biológicas. Momento mágico, onde a construção do motor pode ser impedida, através de dispositivos sintéticos e elásticos.

 Quando passares a primeira, iniciarás o seu estágio Alfa e, com isso, a origem do conhecimento. O mundo será decifrado lentamente por sua mente. Aprendizado fundamental para a passagem das marchas seguintes. Na maior parte do tempo, precisarás de um guia, pois pouco entendes de si.

Ao encaixares a segunda, tornar-te-ás cientista de tua própria vida. Com a tecnologia "flex", a razão e o mito se fundirão em teu raciocínio, servindo como combusível e moldura da tua personalidade. Entrarás por caminhos tortuosos, mesmo sob advertência. Ultrapassarás sinais fechados; pisarás fundo no acelerador, deixando diversos passageiros no ponto.

A terceira marcha é considerada atraente e voluptuosa. Fará com que muitos amores embarquem e desembarquem, compulsivamente, em tua vida. Em certos momentos, te sentirás como se estivesses ainda na segunda e, ao mesmo tempo, pressentindo a quarta. Recomenda-se encapar o pistão para não danificar os componentes e, mesmo em dias frios, precisarás ligar o ar condicionado.

Deverás engatar a quarta marcha lentamente, pisando suave sobre a embreagem. Para isso, utiliza tua experiência pessoal, adquirida nas passadas de marcha anteriores. Engrenagem perigosa, com risco de surgir problemas no motor. A revisão e a lubrificação devem ser feitas periodicamente, a fim de preservar o andamento da viagem.

A quinta é a última marcha do câmbio, e a mais veloz, portanto, requererá muita atenção de tua parte. As curvas devem ser feitas de forma macia; não haverá lugares por onde tu já não tenhas passado. Repetição de situações anteriores; passageiros que já embarcaram em outros momentos reembarcarão. Chegarás ao princípio do momento final. Farás o balanço da tua viagem, e de todos os pontos em que parou. Reconhecerás que, em certos momentos, engataste a ré por engano e que caminhos mais longos e desgastantes poderiam ter sido evitados.

O surgimento da dor em teus calcanhares, virá acompanhado do cansaço e da fadiga, causados pelo tempo da viagem. Quando já não houver mais combustível, a luz vermelha acenderá em teu painel; serás obrigado a engatar o ponto morto.

A chave voltará a posição "desligar" automaticamente.

sábado, 6 de agosto de 2011

Bakunin e a Internacional


Por: Alexandre Mendes

Michail Bakunin nasceu na Rússia , em 1814. Mesmo sendo de ascendência nobre, Bakunin não seguiu os passos desejados por sua família, tornando-se um dos formuladores do anarquismo e revolucionário, após ser influenciado pelas leituras de¹ Fichte e ²Hegel.  Bakunin viveu as revoluções parisienses de 1848.

Foi entregue a polícia czarista, após a sua efetiva participação nas revoluções de 1849, em Dresden (Alemanha). Foi, então, deportado para a Sibéria, de onde acabou fugindo.

Em 1864, Bakunin foi para Londres e encontrou-se com Karl Marx. Ele, então, pediu a Bakunin que fundasse algumas seções da Internacional na Itália, a fim de combater a hegemonia ³Mazziniana no meio operário. Bakunin aceitou a proposta de Marx e fundou, em 28 de setembro de 1868, a Aliança Internacional da Democracia Socialista, com posições federalistas e ideário proudhoniano. A Aliança, também, foi influenciada pelos carbonários.

Em 31 de janeiro de 1869, é fundada a 1ª Seção italiana da Internacional e, um mês depois, ela é admitida na AIT.

A Internacional

A Associação Internacional dos Trabalhadores foi fundada em 28 de setembro de 1864, em Londres.

1ª Fase

De hegemonia dos proudhonistas, das seções francesas. (Adeptos do Mutualismo)

2ª Fase

De hegemonia Bakuniniana, com ênfase no Coletivismo. O fato ocorrera após o enfraquecimento das seções francesas.

Nos Congressos de Bruxelas (1868) e da Basiléia (1869), venceu o idealismo coletivista que, aparentemente, se aproximava do Comunismo de Marx. Entretanto, Bakunin e Marx não se entendiam, pois  Bakunin pregava a destruição dos Estados, enquanto Marx não adotava tal posição, claramente.

Mas, foi durante a Resolução IX, da Conferência de Londres de 1871, que os dois movimentos entraram em choque. Os libertários não admitiam o uso da política partidária, para fins revolucionários.

Marx, então, defendeu a centralização da AIT , junto com o Conselho Geral, fundando o Comitê Federal de Genebra.

  Em resposta, os libertários da Federação Romana da Internacional proclamaram a fundação da Federação do Jura, no Congresso de Soinviller, em 12 de novembro de 1871.

Durante o congresso, a Federação do Jura acusou Marx e o Conselho Geral de hierarquização e autoritarismo, quanto a sua posição ideológica, dentro da AIT.

Michail Bakunin faleceu em Berna (Suíça), no dia 1º de julho de 1876.



¹FICHTE, Johann Gottlieb - Filósofo alemão.  Contrariou Kant, tomando o Eu como absoluto. (1762-1814)

²HEGEL ,Georg Wilhelm Friedrich – Filósofo alemão. Teórico da Tese, Antítese e Síntese. Influenciou a obra de Marx. (1770-1831)

³ Giuseppe Mazzini – Defensor da unificação italiana e do republicanismo, recusou-se a fazer alianças, com marxistas e monarquistas. (1805-1872)

Texto de Apoio: Da Primeira Internacional a Internacional antiautoritária. Revoluções. Ed. Três, 1973. Pag. 347




sexta-feira, 5 de agosto de 2011

MANIFESTO: Contra toda forma de preconceito

Por: Fabio da Silva Barbosa

Pelo fim do preconceito racial, regional, sexual, ideológico e qual mais for.
Contra toda forma de preconceito.
Pelo fim do bullying, do imperialismo e das mentes colonizadas.
Contra toda forma de opressão.
Pelo fim da submissão.
Pela convivência entre os opostos, entre todas as formas e pensamentos.
Pela união de todos os gêneros humanos.
A individualidade é nosso maior bem.
Somos iguais por sermos diferentes.
As diferenças nos tornam iguais.
É nosso ponto comum.
Aceitando as peculiaridades de cada um, chegaremos ao coletivo mais belo e colorido jamais visto.
Vamos misturar.
O respeito é a única lei.
O respeito é o início e o fim.
As lacunas que sobrarem devem ser preenchidas com liberdade total e irrestrita, compreensão e conhecimento.
Uma nova época pode nascer assim que tomarmos conhecimento e agirmos de acordo.
Chega de maldade.
Chega de servidão.
Pela diversidade.
Pela união.
 
rebococaido.blogspot.com
 Quinta-Feira - 30/12/10
 

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Memórias de um operário VII





Por: Alexandre Mendes



Era sexta feira, o último dia de trabalho da semana. Normalmente, as obras davam o fim de semana inteiro de folga. Trabalhava acelerado, pois queria acabar a tarefa até às quatro da tarde. Almejava pegar o pagamento da semana e fazer algumas compras, no supermercado.

Após muito suor e correria, consegui concluir meu trabalho e recebi a merreca da semana. Tomei banho, me arrumei, e peguei o ônibus para Niterói, na intenção de passar no mercado.

Comprei tudo que estava escrito no bilhete, feito por minha esposa, antes de eu sair para o trampo. Deu umas quatro sacolas de compras. O dinheiro que sobrou era pouco, mas poderia ser necessário gastá-lo, durante o fim de semana.
Caminhei até o Terminal Norte, carregando minha mochila cheia nas costas (roupa de trabalho, marmita vazia etc), e as sacolas de compras nas mãos. Me sentia muito cansado. Ainda teria que esperar na fila do ônibus e viajar por, aproximadamente, uma hora até chegar em casa.
Fiquei de saco cheio de esperar na fila e peguei o ônibus 538, “Jockey”, que já saia do Terminal lotado. Passei na roleta e, com dificuldade, me acomodei na parte central do corredor.
Um rapaz, que estava sentado no banco a minha frente, ofereceu o espaço entre as suas pernas e o banco dianteiro, para que eu repousasse as minhas sacolas. Consenti. Confiei as minhas compras ao rapaz e me desliguei da vida. O tempo de viagem era longo e tortuoso, pelas curvas fechadas da Avenida Amaral Peixoto.
Pensava no almoço de amanhã, quando me liguei que o ônibus já estava parado, no ponto em que eu tinha que descer. Disparei em direção a porta de saída e desci do ônibus.
O coletivo saiu do ponto e foi, então, que me lembrei das compras, deixadas com o rapaz sentado. Saí correndo atrás do ônibus, na esperança de ver o cara, pelo menos, descendo do ônibus. Corri até o ponto final e não o achei.
Regressava para a estrada, triste e cabisbaixo, quando dei conta de que ocorrera algo pior: minha carteira tinha caído do bolso de trás da bermuda, enquanto eu corria atrás das compras.
Comecei a suar de nervoso. Sem compras. Sem dinheiro.
- Ô! Você deixou cair a carteira! – Bradava um camarada, do outro lado da pista, em frente ao ponto, no qual eu havia descido do ônibus.
Atravessei a pista, me sentindo mais tranquilo. “Pelo menos, tenho o resto do pagamento.” – Pensei. No entanto, quando abri a carteira, não tinha mais um tostão dentro.

- Ué! Não foi você que achou? – Perguntei ao camarada, desconfiado.

- Não! Eu peguei depois que um cara já tinha mexido. – Disse o sujeito.

Fui embora, desesperado. Fui obrigado a pedir fiado na mercearia da esquina e só paguei as compras na sexta feira, seguinte.

Sem dúvida alguma, esse foi um dos episódios mais terríveis.


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Memórias de um operário VI

Por: Alexandre Mendes




Apesar de tudo, eu ainda tinha amigos. Churros era meu camaradão, desde os tempos de moleque. Sua mãe (não lembro seu nome) me deu um papel com o endereço de uma cooperativa de serviços de entrega, e pediu que eu me apresentasse lá, na segunda feira de manhã.
Segunda feira, pela manhã: Me apresentei na Lapa, próximo aos arcos, como indicava o endereço. O prédio era velho e se amontoava com outros prédios, mais velhos ainda, ao redor.
Subi de elevador até o décimo segundo andar e me apresentei na recepção. O cara que me atendeu, viu meus documentos e me perguntou se eu era primo do Mendes. Não pensei duas vezes e disse que sim. O rapaz pegou o rádio, um daqueles Motorolas antigos, gigantes, e comunicou-se com algumas lojas e disse:
- Começa terça feira, cinco da tarde, lanchonete, Rua Gavião Peixoto.
E eu pensando: - Putz! Que sorte, ter um cara com o meu sobrenome na parada. Na verdade, eu nem sabia quem era.  

  Comecei, então, a trabalhar no serviço de entrega da lanchonete. Me deram um uniforme e uma bicicleta Terraforte. Tinha que cuidar do veículo por conta própria e, o trampo, também não dava o dinheiro da passagem.No entanto, dava para arrumar um bom trocado, com as gorjetas dos fregueses. Quanto mais rápido eu pedalava, mais eu ganhava.
Foi aí, que meu último filho veio a nascer fora da data, aos oito meses, e eu não tive como comparecer no serviço. Liguei para a loja e avisei que não iria comparecer, pois estava levando minha esposa para o hospital.  O subgerente atendeu o telefone e disse que estava tudo bem.
No dia seguinte, após uma estafante manhã comprando os apetrechos do bebê, me dirigi ao trabalho, chegando as cinco da tarde, como era de costume.
De repente, uma surpresa: Tinha outro entregador no meu lugar.
Falei com o gerente, que era o único responsável naquele momento. Ele me disse que não podia fazer nada.
Fui para casa e tive uma noite triste. Acordei de manhã e fui visitar minha esposa e Davi, meu caçula, no hospital . Estava com o semblante muito triste. Confesso que esse momento foi um dos piores da minha vida, pois foi o meu primeiro emprego, depois de trabalhar em diversos bicos, por quatro anos seguidos.
Liguei para a loja, após a visita. O subgerente atendeu e exigiu que eu voltasse, imediatamente. – Não! Vem trabalhar normal que eu vou resolver isso, agora!
E essas são duas pessoas que eu sou eternamente agradecido, a mãe do meu amigo, Churros e o subgerente da tal lanchonete.