Por: Alexandre Mendes
Após largar a bicicleta na porta da lanchonete, deixando de lado o serviço de entregador, apresentei-me no outro batente, no dia seguinte.
Cheguei ao estabelecimento na parte da tarde, a pedido do dono.
Ganhei duas mudas de uniforme, já usadas por outro funcionário. Camisa listrada, verde e branca, calça verde, de pano e sapato preto. Guardei a minha roupa no armário de ferro, numerado. Meu compartimento era o número 30.
Fui apresentado ao chapeiro do turno da noite. Era um paraibano branco, de cara larga e feições sofríveis, como as de qualquer migrante batalhador.
Aldo me ensinou as tarefas a serem, cotidianamente, executadas. Ligar os aparelhos (Chapa e fritadeira); Preparar a salada (Cortar tomate, alface e encher tubos de molho); Preparar as pastas (Milho, ovo, frango e atum) e outros detalhes.
O treinamento visava preparar os novos funcionários para o trabalho na nova loja, que estava prestes a ser inaugurada.
O movimento de clientes era intenso, nos fins de semana. Os balconistas gritavam seus pedidos, tanto para o setor do suco, como para o setor da chapa. Era necessário guardar o pedido na memória. Se a chapa ainda não estivesse cheia, era melhor colocar a carne para assar, o mais rápido possível.
Eu já conhecia os métodos empregados por Aldo para me ensinar o serviço. Lembrei-me do primeiro mestre de obra que auxiliei. Ele xingava muito o aprendiz, enquanto ensinava.
Eu me considerava forte àquela altura e aturei o treinamento, até me tornar um profissional.
Três meses depois, inauguramos a nova loja. Trabalhei nela durante quatro anos e meio, sempre no mesmo setor, no turno da noite. Como o meu horário era o de maior movimento, tive um relativo valor para o meu patrão, enquanto trabalhei no local. Treinei os auxiliares de chapa, contratados para os fins de semana.
Um dia me cansei do trabalho. Não via a menor perspectiva de crescimento profissional, no estabelecimento. A correria era muito estressante. Eu já trabalhava na chapa, há quatro anos e meio.
Foi quando alguém me chamou para uma nova oportunidade de trabalho, como gerente de uma loja de decoração.
Negociei com o patrão a minha demissão.
Logo depois, entrei em uma furada...
Vale a pena aproveitar as chances... deixá-las passar às vezes nos causa arrependimento.
ResponderExcluirApesar de acontecer também esse contrário... pegar a chance cheio de espectativa e ver que não foi uma boa, aí é foda.
ResponderExcluirMuito boa essas memórias. Tô sempre acompanhando por aqui e já aguardo pela próxima.
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