Por: Alexandre Mendes
E lá estava eu, retornando de um jantar dançante promovido pela associação de moradores do bairro Ititioca. Perguntei ao motorista se eu poderia ajudá-lo a fechar as janelas do micro-ônibus, pois era a sua última viagem e eu era o seu último passageiro.
-Ó! Muito obrigado! - Disse o motorista.
Enquanto eu o ajudava, o ônibus reduzia a velocidade. Olhei por uma das janelas e vi um jovem que fazia sinal para o ônibus, cercado por alguns policiais. Tênis batido, calça jeans, camisa e boné pretos. O rapaz parecia ser humilde...
Logo que os homens de uniforme azul adentraram a viatura, o rapaz alcançou os degraus do coletivo. Bufava de ódio. - Vim aqui visitar a minha avó e aguardava a chegada do ônibus para casa, quando esses caras resolveram me dar uma dura.- Disse o jovem, com os olhos lacrimejantes de ódio.
- Meu filho, qual é a sua idade? - Perguntei-lhe, enquanto girava a roleta.
-Dezessete.
-Eles te bateram?
-Não. Mas achei que perderia o ônibus e depois desse aqui, só uma e meia da manhã. - O boné entre as mãos, sofria as consequências, com o aperto dos seus dedos revoltados.
-Filho, ouça o meu conselho. A polícia é mau paga e as vezes desconta suas frustrações na gente. Tudo o que eles querem é ouvir "sim, senhor" e "não, senhor". Faz bem para o ego deles; faz bem para você. Sei que é difícil ser abordado na rua, enquanto as pessoas passam e te observam. Mas, o mais importante é que a sua mãe vai dormir em paz, quando você atravessar o portão de casa...
É, não querem saber de papo... o trabalho afeta muito a vida.
ResponderExcluirMas essa é a ideia de quem está no poder, colocar polícia x cidadãos, quando na verdade todos são trabalhadores fudidos, mal pagos e massacrados pela elite. É assim que se governa, colocando a população pra guerrear entre si.
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