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domingo, 24 de julho de 2011

Memórias de um operário V

Por: Alexandre Mendes




Duro mesmo, foi a época em que eu trabalhava em dois empregos ao mesmo tempo.
Trabalhava em uma obra de dia e num trailer a noite toda. Entrava na obra, virava a noite no trailer e entrava na obra de novo, isto é, dois dias e uma noite trabalhava direto e uma noite sim, outra não, eu dormia na minha casa no Capote.
Tinha comprado um revólver Rossi, calibre 32, para minha esposa. Ficava preocupado com ela e com as crianças. O lugar era meio sinistro e só tinha duas entradas. O ônibus passava lá dentro de uma em uma hora. Dar de cara com defuntos no meio do caminho era comum.
Trabalhava no trailer de sete da noite as sete da manhã. O trailer ficava próximo ao Hospital Antônio Pedro e o movimento de pessoas no local era intenso, até umas três horas da manhã.
De vez em quando, eu pegava no sono.
Certa vez, houve uma fuga de menores infratores do Instituto Padre Severino. Encontraram abrigo sob um toldo de loja fechada, em frente ao trailer. Um rapaz maior comandava a molecada.
Uma noite, eu peguei no sono por volta das quatro da manhã. Tinha esquecido de abaixar uma das janelas do trailer, como  fazia de costume. Pressenti algo entrando pela janela, enquanto estava de olhos fechados. Foi, então, que eu os abri. Um garoto de seus doze anos invadia o trailer, quando percebeu o meu despertar e disfarçou, sentando no apoio de ferro do balcão.
- Fala o que você quer. – Perguntei truculentamente para o moleque.
- Um guardanapo. – respondeu ele, retornando para fora do trailer, lentamente.
Ocorriam sempre situações desse tipo.  Muitos viciados traziam apetrechos domésticos de suas casas para vender por lá. Secadores de cabelo, calças e relógios.
Depois, me dirigia para o outro emprego, na reconstrução de uma casa em Vista Alegre. 
Muitas sapatas para cavar e todas bastante profundas. Foi nessa obra que eu aprendi, de fato, todo o processo de uma construção. Foi somente após essa etapa de aprendizado que eu comecei a construir a minha casa, no Rio do Ouro.
Mas trabalhava sempre cansado. Uma vez, almocei a minha marmita e fui tirar um ronco. Acordei no fim da hora do almoço. Peguei a vassoura e fui dar uma varrida nas beiradas das sapatas.  Elas já estavam com os radiers concretados e, para minha sorte, nós havíamos amarrado a ferragem das colunas, antes do almoço.  Acabei pegando no sono enquanto varria a beirada de uma sapata e cai dentro dela. Minhas costas deslizaram na ferragem e eu fiquei bastante arranhado.
E assim, fiquei nesses dois trampos por um ano inteiro.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

GOOOOL!!!

Por: Alexandre Mendes

  Salve, meus queridos!

   Entrei com o dedão do pé esquerdo no meu primeiro dia de trabalho, após um mês de saborosas férias. Xandão, meu estimado PC queimou.
   Levando em conta o meu repúdio a Lan Houses, decidi me esforçar um pouco mais no batente dobrando de turno, durante alguns dias da semana.
Mas, como cada passo revela uma pedra diferente no caminho, após alguns dias estressantes de batalha, acabei chegando a conclusão de que não sei juntar grana. Mas tudo bem, fingi de morto, dei a volta e meti uma facada no meu crédito especial.
E agora...com vocês....Alexandre Mendes, de PC novo (e cueca velha no corpo!).
  Seu nome: Benedito
 É isso aí, Bené! Seja bemvindo a família!

PAZ, UNIDADE, AMOR E DIVERSÃO!
 

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Nestor

Por: Alexandre Mendes

Não há mais empregos
     Não pode atestados
          O império do medo
                  está ao seu lado

Faltar nem pensar
    senão você dança
        e pro final se lança
                  da fila maldita

Onde o último foi
  sorridente, o primeiro
            mas chora agora
         sem pão com centeio

                 e nem leite em pó
                     pois não vive só
                        barriga, chupeta
                    neston, mamadeira

         Segue se arrastando
               Vive em devaneio
                   trabalho, carteira
                      Gari, Ladrilheiro

segunda-feira, 4 de julho de 2011